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quinta-feira, junho 23, 2011

O inverno, a carência e o erro


“...Sabe-se que qualquer corte dói muito mais no frio, por isso, evite partir seu coração no inverno, ainda não inventaram manteiga de cacau para coração partido...”


O inverno chegou e com ele as carências ficam mais evidentes. Não falo somente da carência material que é alvo das campanhas do agasalho, típicas nessa época. Falo também da carência afetiva.

No verão é muito mais fácil estar sozinho, o clima quente favorece a independência afetiva, os programas de solteiros. Com o frio as pessoas ficam carentes. Carentes de uma companhia para assistir filme enrolado nas cobertas, carentes de tomar vinho acompanhado, carentes de um jantar a luz de velas, carentes de um bom fondue, carentes de dormir de conchinha, carentes enfim de calor humano.

Ai é que está o perigo, hora de ligar o alerta! A carência cega, emburrece e atrapalha a intuição. O que normalmente poderia ser percebido, não o é. Nessa hora podem se cometer os maiores erros... Perde-se o senso e a confusão entra. Confunde-se amor com paixão, carinho com tesão e assim por diante...

A compreensão é deixada de lado e fica difícil entender que não se doa amor como agasalhos, que não se encontra amor em bazar por preços módicos, nem em liquidação de inverno e muito menos em brechós... Portanto ter cautela é uma boa pedida em qualquer estação do ano, principalmente no inverno.

Sabe-se que qualquer corte dói muito mais no frio, por isso, evite partir seu coração no inverno, ainda não inventaram manteiga de cacau para coração partido.

Evite a carência se amando, aproveitando mais a sua família, amigos... Enfim vivendo. Nunca coloque a responsabilidade da sua felicidade e nem a solução de seus problemas no outro... As pessoas não se completam e sim se somam.

Bibiana Zaparolli

terça-feira, junho 21, 2011

Modo de usar-se

"...Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco..."


Hoje o post será um pouco diferente. Ao invés de postar um texto meu, utilizarei um texto da Martha Medeiros que diz tudo o que eu quero expressar hoje... Concordo com cada palavra e assino embaixo... Vamos nos usar mais, antes que algum aproveitador faça isso por você...


"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.

Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.


Martha Medeiros

quinta-feira, junho 16, 2011

Que seja doce


"...a cada dia que passa ele me cativa mais... além disso ele entende que não sou a mais bela de todas, mas que tenho algo que aos seu olhos é belo, e vê que eu, do jeito que sou, preencho todas as suas carências, e vê que eu preciso dele e isso o faz sentir importante..."

Vou contar o que vejo nele: vejo uma espontaneidade rara e isso é mais importante do que os outros pensam ou falam dele, vejo que ele tem uma seriedade serena que as vezes é quebrada por um breve sorriso... vejo algo diferente que estranhamente ninguém repara, vejo que ele faz tudo para que eu fique contente, vejo como ele se preocupa, e como ele fica bravo quando demonstro não acreditar no que ele diz... vejo que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, vejo que ele não dá a mínima para comportamentos padrões e valoriza o que realmente é importante... eu o vejo no que ele tem de invisível para todos os outros...

E é por isso que a cada dia que passa ele me cativa mais... além disso ele entende que não sou a mais bela de todas, mas que tenho algo que aos seu olhos é belo, e vê que eu, do jeito que sou, preencho todas as suas carências, e vê que eu preciso dele e isso o faz sentir importante...

Ele vê que as vezes sou brava, chata, mas também ve que sempre o faço rir, e ele vê que sou tão insegura quanto ele e sou humana como todos, vê que sou livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que estou e vê que me preocupo com ele e não me preocupo se ele não diz que me ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele me ama mesmo que ninguém entenda...

E que seja doce

Bibiana Zaparolli